segunda-feira, dezembro 18, 2006

Eu é que sou a Carol... lembram-se?


“Esta mulher chama-se Carolina Salgado. Viveu com os poderosos, conhece-os, aprendeu-lhes as manhas, joga o jogo deles. Há quem não queira ouvir a história. Percebe-se. É Natal(...).”


Depois de quase duas semanas de escândalo, depois de criação de comissões com pessoas, ainda credíveis, a liderar, depois até do inevitável sketch dos “Gato Fedorento” resta somente por dar a minha opinião... a quem interesse.
A Carolina que é “essa senhora”, “dona”, “dra”, “a futura esposa”, “a alternadeira”, “a putéfia” é, acreditem ou não, uma pessoa que se vende como muitas outras. Talvez tenha começado com o corpo mas rapidamente, e por mais uns trocaditos, lá se foi a alma para renovar o guarda roupa ou trocar de carro quando bem lhe apetecer. Agora pensem quantas pessoas conhecem que fazem exactamente o mesmo, na sua essência, mas disfarçam com outros nomes como amor, dever, sacrifício. Varia o preço. A subtileza. A classe social. E a inteligência.
Ontem passei na habitual livraria e dei por mim a folhear esta obra prima da mais recente moda da escrita em Portugal, iniciada por Carrilho: o queixinhasdadordecotovelovingativo. Procurei arrependimento e... nada. Ainda que o tivesse encontrado viria já um pouco tarde. Encontrei um livro mal escrito pela amiga letrada. Encontrei muito despeito. Encontrei a tão característica “chico-espertice”. Encontrei uma mulher que não se lembra a primeira vez que se vendeu, que hierarquiza muito bem os seus valores (porque os tem, mais de acordo com a economia de mercado, é certo, mas é nela que vivemos), que é marioneta e manipula ao mesmo tempo. Não encontrei dor. Essa já não existe. Talvez, a verdadeira, tenha sido também vendida. Agora todos se acotovelam para rotular, julgar e condenar. Esquecem-se que o mais importante não é, definitivamente, quem denuncia mas quem faz. Não é quem vende mas quem compra. São estes que mandam. Que têm o poder. Que têm más companhias. Que dão puns malcheirosos e têm pêlos nas orelhas também, pronto. Por isso quase acreditamos que, por momentos, até poderiam ser humanos.

3 comentários:

Anónimo disse...

São estes os heróis modernos...


beijo

Anónimo disse...

5*

Mas sabes, neste tipo de vida (leia-se ocupação) as pessoas (e eu não disse mulheres, intencionalmente!) criam uma couraça emotiva; têm mesmo de a criar!

É impossível ser-se agredido na integridade psicológica e personalística diária e sistemáticamente sem marcas profundas - daí a couraça!

Beijos grandes

Anónimo disse...

Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és.