sexta-feira, dezembro 25, 2009

Última do ano

Após um ano cheio de acontecimentos, posts, reflexões inúteis e impulsos incontroláveis despeço-me aqui muito optimista porque sinto que 2010 vai ser um ano verdadeiramente bom.
Tentarei postar num teclado diferente ,até 10 de janeiro, algures de... adivinhem!

terça-feira, dezembro 22, 2009

Poesia na Pastelaria

Ela, ávida “dava-me aquele sonho por favor”.
Ele, atrás do balcão, confiante, preguiçoso, atrevido, poeta “ aquele? Tinha de tirar todos os outros para lá chegar e isso dava muito trabalho. Os sonhos são todos iguais. O nosso paladar é que os altera”.

Final feliz

Sete andares abaixo. Acorda a tempo de um último olhar sobre a romãzeira, antes que o fecho percorresse aquele saco. Sete andares abaixo. Mirones, o quintal da D. Fernanda, especulações sobre amor e dinheiro, senhores com coletes florescentes desenvoltos nas competentes tarefas. Sete andares acima. Uma janela aberta. Trinta anos de poucos dias preenchidos e de outros, muitos outros, em busca. Sete andares acima. Uma porta arrombada. Um adeus sobre a mesa, livros pelo chão em pequenas pilhas amarrados a fita de cetim vermelho, etiquetados com nomes de quem amou. Um copo vazio de tudo. Sete andares abaixo. Adormece, por fim, sereno. Romãzeira no olhar, sem memória de prantos, sem ânsia de busca. Seja assim, entre sete andares, feita a sua vontade.

Início


A porta fecha-se pesada. Rápido escadaria abaixo. Abre-se fôlego para a rua. Andar, andar, andar, andar, andar. Lá dentro ficou tudo . Ele, o futuro ficcionado, as promessas, as mentiras, o medo. Trouxe ainda, no bolso direito, a chave, no esquerdo uma enorme esperança e nas mãos mudas, geladas, as memórias felizes do por vir.

quinta-feira, dezembro 17, 2009

O que compraria Jesus?

Comprar é, frequentemente, sinónimo de prazer. Comprar ou não comprar suplanta diariamente qualquer clássico dilema. Comprar passou a ser um verbo demonstrativo, fundando um novo conceito gramatical. Comprar conjuga com estatuto, com amor, com afirmação, com maledicência, com solidão, com prazer, com mania, com arrogância, com desprezo, com autismo social. Comprar não define quem somos no plural ou no singular. Comprar é somente um verbo regular tal como correr ou cair.

terça-feira, dezembro 15, 2009

Contributo para a época natalícia

"If we have no peace, it is because we have forgotten that we belong to each other."
Mother Teresa

quinta-feira, dezembro 10, 2009

A barricada

Embora adore o Natal cada vez mais me apetece ficar barricada em casa, dias e dias a fio de leitura, televisão, pijama, soneca e olhar perdido. Falta a lareira e o cheiro a musgo.

No último fim de semana veio para o quentinho a última série da Anatomia de Grey (sou viciada!) e estes dois imperdíveis, emocionantes filmes que nos trazem coisas que devem ser lembradas. Que coisas? Ora, coisas... caramba, tenho preguiça para enumerar.


sexta-feira, dezembro 04, 2009

Outro destino


O Menino Jesus, a Nossa Senhora e as Renas desapareceram de presépio em Valença. Estavam expostos numa rotunda, prontos a serem iluminados.
Há muito a especular. Rapto, sequestro ou fuga. Abandono do S. José. Indícios de violência doméstica. Revelação em breve de escutas telefónicas - não sujeitas a segredo de justiça humana ou divina - sobre os verdadeiros factos do episódio da pomba. Direito à dignidade e ao bom nome, porque é dura a exposição pública da intimidade. Indícios de co-autoria com Pai Natal (que enviou as suspeitas renas). Vingança da vaca e do burro por ousarem a sua substituição por nórdicos mamíferos. Adesão ao movimento Green Peace a caminho da Cimeira de Copenhaga. Depressão pós-parto.

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Adversário


Não sei o que de ti diga ou escreva. Não te conheço. Leio somente as historietas que te deixam publicar, há mesmo quem se arrisque a lhes chamar romances. Ficas pendurado algures entre a desastrosa teia amorosa tecida a seis, enleada naquele título mediático, e os erros históricos de uma trama epopeica de Maria perdida numa qualquer invasão francesa. Julgo conhecer-te um pouco afinal, à conta desta inútil espionagem literária. Serias ainda mais patético se frequentemente não estivéssemos, malogrados apelidos, quase sempre lado a lado nas prateleiras das livrarias.

Algo

Leio de novo aquela secção do jornal. De novo alguém civil ou emocionalmente solitário anuncia-se para “amizade ou algo mais”. Não consigo abafar a perplexidade. Talvez por isso, em momentos de solidão civil ou emocional, nunca me anunciei num jornal. Abandonada a perplexidade, assumida a solidão sufocante pediria sempre “amizade ou algo menos”.