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Ando triste com o meu país. Pelo meu país. Só sabemos sonhar, escrever sonetos e fixar fronteiras. Lidamos mal com o dinheiro, com a vida farta, somos grandes e pequenos ao mesmo tempo, somos canastrões, achamos no queixume cura, tropeçamos na felicidade e caimos. Vivemos para parecer, esquecemo-nos de quem somos quase todos os dias. Unimo-nos pelo futebol, por Timor, lá longe, e pela falta de dinheiro, pelo esvaziamento das expectativas. Ou não votamos ou somos pouco criativos no voto. Toda a gente leu o
Ensaio sobre a Cegueira mas esqueceram o melhor, o
Ensaio sobre a Lucidez. Não somos criativos nas alternativas, estudamos para enriquecer, desdenhamos o saber perante o atalho da esperteza. Julgam-nos pelos políticos que temos e muito bem. Eles acham-nos tolos, discursam para avestruzes, lutam pelo poder que já os corrompeu, deixam que o mundo inteiro nos invada de especulações, arrasando, ainda que por momentos, o que de mais precioso temos: os nossos sonhos, os nossos sonetos, as nossas fronteiras.
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