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quarta-feira, abril 27, 2011
Perigo: berlusconi globalizado
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domingo, abril 24, 2011
sábado, abril 23, 2011
Reflexão pascal
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O homem que reclama junto da CP por querer pagar um bilhete que não lhe foi cobrado é notícia. O país assente em, dizem, valores católicos convive com ligeireza com o oportunismo e a esperteza de quem chega rápido onde quer, ainda que trilhando sobre vidas alheias. Vide a biografia de muitos dos nossos actuais políticos.
O homem que reclama, que defende que não quer contribuir para o défice da CP, que se indigna pelo não cumprimento das regras justas, é notícia. É um otário, sintetizam alguns. O problema é que sem estes otários não somos um país, uma sociedade altruísta definida pela honestidade, partilha, pela cidadania activa.
As maiorias transformam-se assim, lentamente, em minorias. As elites deixam-se comprar ou fogem fingindo emigrarem, as que resistem são adormecidas ao som das vãs lutas políticas. O povo apascenta as suas pequenas dores ao sol. Os otários e o país estão em vias de extinção. Por isso somos notícia.
sábado, abril 16, 2011
Para ler à sombra
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sexta-feira, abril 15, 2011
Um poema em palco
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A Lua de Maria Sem, uma peça que é um poeta dito, visto, cantado. Para embalar, só até domingo no Teatro S. Luis em Lisboa
quarta-feira, abril 13, 2011
Novidades na mala
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Medos
Medo do amor quando tudo é fome.
E onde tudo é tão pouco,
medo de a carícia
despertar insuspeitos infernos.
Medo de sermos
só eu e tu a humanidade.
E morrermos de tanta eternidade
Mia Couto
terça-feira, abril 12, 2011
Ando na fase da citação...
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... o que talvez fique a milhas de qualquer uma das fases freudianas, mas é o que temos.
Retirei este texto de um blog desempoeirado que frequento, umas vezes aderindo, outras resmungando, mas sempre reconhecendo que, à sua maneira, é muito bom.
Fica aqui mais uma visão enunciativa do nosso...
Portugal
"Portugal e o Euro 2004. Portugal e as Scuts. Portugal e o Magalhães. Portugal e os ordenados dos gestores. Portugal vendida como uma puta de praias paradisíacas e campos de golf. Portugal e as “novas oportunidades”. Portugal e os ídolos, as Lyonces Viiktoryas, a idolatria dos cristianos e do novo-riquismo analfabeto e com interminável tempo de antena. Portugal e os seus pequenos líderes corruptos que se rastejam nos parlamentos, autarquias, campos de futebol, platôs de televisão sem limites, sem consequências, sem castigo. Portugal e o espólio da nossa identidade, com bandeiras patrocinadas por bancos, o hino como reclame publicitário, a História como passatempo de governantes ignorantes. Portugal e os ares de superioridade, esbanjando fortunas emprestadas, desperdiçando fundos que se nos confiaram para crescer, ser melhores, estar na linha da frente. Portugal e os tratados e as cimeiras e as passadeiras vermelhas para ditadores, déspotas regionais, vilõezecos com barris de petróleo. Portugal e o envelhecimento de um interior que vai da fronteira com Espanha até às portagens da ponte 25 de Abril. Portugal e os recibos verdes e o salário mínimo e a precariedade e um carro para cada membro da família e as férias de três semanas no Algarve e os maiores centros comerciais da Europa e cartões gold e bilhetes esgotados para qualquer concerto no Pavilhão Atlântico. Portugal e os sonhos de grandeza. Portugal e o resgate".
quinta-feira, abril 07, 2011
é preciso poesia, porra!
Pôr do Sol na Boa-Nova
mar alma na tarde morta
que cortas dedos na luz
abro-me todo: sou porta
que só contigo transpus.
Ruy Belo
quarta-feira, abril 06, 2011
Inconformismo e Criatividade
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"É hoje consensual que o capitalismo necessita de adversários credíveis que actuem como correctivos da sua tendência para a irracionalidade e para a auto-destruição, a qual lhe advém da pulsão para funcionalizar ou destruir tudo o que pode interpor-se no seu inexorável caminho para a acumulação infinita de riqueza, por mais anti-sociais e injustas que sejam as consequências. Durante o século XX esse correctivo foi a ameaça do comunismo e foi a partir dela que, na Europa, se construiu a social-democracia (o modelo social europeu e o direito laboral). Extinta essa ameaça, não foi até hoje possível construir outro adversário credível a nível global. Nos últimos trinta anos, o FMI, o Banco Mundial, as agências de rating e a desregulação dos mercados financeiros têm sido as manifestações mais agressivas da pulsão irracional do capitalismo. Têm surgido adversários credíveis a nível nacional (muitos países da América Latina) e, sempre que isso ocorre, o capitalismo recua, retoma alguma racionalidade e reorienta a sua pulsão irracional para outros espaços. Na Europa, a social-democracia começou a ruir no dia em que caiu o Muro de Berlim. Como não foi até agora possível reinventá-la, o FMI intervém hoje na Europa como em casa própria.
Poderá surgir em Portugal algum adversário credível capaz de impedir que o país seja levado à bancarrota pela irracionalidade das agências de rating apostadas em produzir a realidade que serve os interesses dos especuladores financeiros que as controlam com o objectivo de pilhar a nossa riqueza e devastar as bases da coesão social? É possível imaginar duas vias por onde pode surgir um tal adversário.
A primeira é a via institucional: líderes democraticamente eleitos reúnem o consenso das classes populares (contra os media conservadores e os economistas encartados) para praticar um acto de desobediência civil contra os credores e o FMI, aguentam a turbulência criada e relançam a economia do país com maior inclusão social. Foi isto que fez Nestor Kirchner, Presidente da Argentina, em 2003. Recusou-se a aceitar as condições de austeridade impostas pelo FMI, dispôs-se a pagar aos credores apenas um terço da dívida nominal, obteve um financiamento de três biliões de dólares da Venezuela e lançou o país num processo de crescimento anual de 8% até 2008. Foi considerado um pária pelo FMI e seus agentes. Quando morreu, em 2010, o mesmo FMI, com inaudita hipocrisia, elogiou-o pela coragem com que assumira os interesses do país e relançara a economia. Em Portugal, um país integrado na UE e com líderes treinados na ortodoxia neoliberal, não é crível que o adversário credível possa surgir por via institucional. O correctivo terá de ser europeu e Portugal perdeu a esperança de esperar por ele no momento em que o PSD, de maneira irresponsável, pôs os interesses partidários acima dos interesses do país.
A segunda via é extra-institucional e consiste na rebelião dos cidadãos inconformados com o sequestro da democracia por parte dos mercados financeiros e com a queda na miséria de quem já é pobre e na pobreza de quem era remediado. A rebelião ocorre na rua mas visa pressionar as instituições a devolver a democracia aos cidadãos. É isto que está a ocorrer na Islândia. Inconformados com a transformação da dívida de bancos privados em dívida soberana (o que aconteceu entre nós com o escandaloso resgate do BPN), os islandeses mobilizaram-se nas ruas, exigiram uma nova Constituição para defender o país contra aventureiros financeiros e convocaram um referendo em que 93% se manifestaram contra o pagamento da dívida. O parlamento procurou retomar a iniciativa política, adoçando as condições de pagamento mas os cidadãos resolveram voltar a organizar novo referendo, o qual terá lugar a 9 de Abril. Para forçar os islandeses a pagar o que não devem as agências de rating estão a usar contra eles as mesmas técnicas de terror que usam contra os portugueses.
No nosso caso é um terror preventivo dado que os portugueses ainda não se revoltaram. Alguma vez o farão?"
sábado, abril 02, 2011
Onde não chega a crise
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"Pergunto-me se o amor está em crise. Se os beijos vão caindo a pique na bolsa.Se há cada vez mais mãos dadas no desemprego e se o preço dos olhares amantes também será afectado.
Parece que o número de solteiros já está a desiquilibrar a Balança Comercial e que a Dívida Pública gerada pelos divórcios é intransponível.
Contudo li em qualquer lado de referência que, segundo especialistas, a grande preocupação é a questão do romantismo.
Parece que o gap entre românticos e os não românticos vai triplicar nos próximos anos e que o romantismo médio per capita está cada vez mais detiorado. Sem falar nos empréstimos de romantismo a crédito aos filmes lamechas.
De acordo com a mesma fonte, o PIB das cartas de amor é inferior à média da U.E. e o BCE está a estudar a hipótese de empréstimo mas como não tem papel perfumado é complicado.
As pessoas acabam por buscar soluções mais económicas como conhecer pessoas e namorar pelo facebook o que, consequentemente, tem impacto bastante negativo na indústria do calçado, das floristas e dos chocolates.(...) Eu acho que o que mudou foi a taxa de câmbio do romantismo e as pessoas ainda não sabem fazer as contas. Porque romântico é comprar voos da Ryan Air para fazer surpresas à pessoa amada. É romântico dedicar videos no you tube. é romântico mandar beijinhos para a câmara web enquanto se fala pelo skype(...) É romântico ceder lugar num transporte público.
De modo que se o amor estiver em crise, eu sou apologista de um afluxo interno e externo de ternura e carinho, de divisas indivisiveis para a sua rápida recuperação. Porque, como vimos, o romantismo está em alta parecendo que não."
A. Schutz
sexta-feira, abril 01, 2011
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