quinta-feira, dezembro 09, 2010

Coimbra

Vejo-me de novo em viagens pendulares semanais. Por essa razão redescobri Coimbra. Abandonei a ideia há muitos anos, mal catalogada, numa prateleira de sítios sem particular interesse. Depois de atravessar várias vezes o Arco da Almedina e vaguear colina abaixo colina acima vejo-me obrigada a rever a minha maneira expedita de catalogar lugares. Não é cosmopolita, nem glamourosa, nem presta uma oferta cultural muito além do imenso e intenso círculo universitário. Tem talvez demasiados shoppings, edifícios irreflectidos ou pontes ficcionadas. Talvez esteja demasiado dependente de interesses imobiliários e da elite intelectual que a coroa, dinamiza, projecta. Talvez os pés se arrastem pelo seu passado, tropeçando aqui ou ali no peso de uma história conservadora e revolucionária. Talvez o fado a entristeça e enterneça. Talvez os pastéis a engordem. Mas há qualquer coisa naquelas colinas, na serenidade do Mondego - mesmo quando reclama invasões - no choupal adormecido, no meu trisavô Boaventura, na maneira graciosa de pronunciarem as palavras… Há qualquer coisa ali, naquela cidade, que sussurra baixinho o quanto eu lhe pertenço.

1 comentário:

Joana disse...

:))))))))))))))))))))))))



Tenho lá reunião, sábado. Farei por a redescobrir também. (Grande, grande texto!)


Jinhos.