segunda-feira, junho 21, 2010

Todo este céu, agora sem som


Abraça-me bem
e cobre o meu corpo
enfim
nesse agasalho
são os teus braços
sim
cuida de mim
basta-me um gesto porém
abraça-me bem

bem no teu colo
chega-me mais a ti um pouco mais suavemente assim
tudo por fim são mágoas que eu consolo
bem no teu colo

todo este céu de pássaros e tons muito assombrado
traz o teu sertão bom
todo este som
desce a nós
com um véu todo este céu

lançado à terra
sobre restingas e ilhéus
mil sombras de asas lembram a ausência
de um deus
num último adeus
pois só teu afago me espera
lançado à terra

e qualquer coisa acontece
no mais alto dos céus
qualquer coisa no fundo
do meu coração
mas não sei das trevas
nem da luz
pois sem ti não há
nem céu
nem chão

e se a noite já ronda
minha cruz
luz nas trevas
minha paixão


Fausto Bordalo Dias, numa rara aparição, CCB no último sábado. Mais um momento que que paro o relógio, acertado com a felicidade que este poema sempre me traz.

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