Nas semanas em que falamos as línguas dos outros, provamos a comida dos outros, trocamos ideias com os outros, viajamos nos transportes dos outros, em que nos relembramos que "pouca-terra pouca terra" é linguagem universal, nas semanas em que os outros não sabem quem somos, em que nos vêem diferentes com os olhos deles, nessas semanas em que descobrimos que as suas vacas dormem mesmo deitadas no prado, em que compramos sapatos na sapataria "Cinderella", em que atravessamos cidades, vilas e aldeias, atravessamos canais e canais, ruas e ruas inundadas de gente feliz e triste, de chocolates, de almas perdidas e encontradas, de sexo, de mãos estendidas, de coisas que se vendem, todas as coisas que se podem imaginar ser vendidas... às bolas, são essas semanas precisamente essas que, com dor e alegria, alternadamente, descobrimos mais um bocadinho de quem somos.