Uma pequena fábula cuja moral da história é a mesma desde sempre ( e por isso não deve ser ensinada).
quarta-feira, julho 29, 2009
segunda-feira, julho 27, 2009
Coisas boas
Este fim de semana aconteceram coisas boas, aliás como quase todos os fins de semana em que descansamos, lemos, passeamos e não ouvimos ou vemos notícias. As melhores coisas foram:
1. Uma viagem à Saudade em Sintra;
2. Um jantar no queirosiano Lawrence's seguido de um longo passeio pedestre na vila vazia, silenciosa;
3. O aluguer do filme "A Vida Secreta das Abelhas" que quase nada tem a ver com a National Geographic e tudo com a busca daquilo que, para mim, é mesmo importante.
Hoje acordei, obviamente, contrariada...
quinta-feira, julho 23, 2009
Interligação
segunda-feira, julho 20, 2009
Fly me to the moon (frank sinatra) ou das minhas músicas preferidas
Faz hoje 40 anos que a humanidade deu um grande passo. Faz hoje também 34 anos, 6 meses e dezoito dias que a elegi como habitat natural.
A dignificação do palavrão
Partilho aqui um texto do MEC dito pelo Miguel Guilherme num original Festival ao Largo (o largo é o do Teatro S. Carlos em Lisboa) numa iniciativa das Produções Fictícias. Razões para dizer palavrões (com precisão) e ficar parte do verão em Lisboa, cada vez mais animada!
"Já me estão a cansar... parem lá com a mania de que digo muitos palavrões, caralho! Gosto de palavrões! Como gosto de palavras em geral. Acho-os indispensáveis a quem tenha necessidade de dialogar... mas dialogar com carácter! O que se não deve é aplicar um bom palavrão fora do contexto, quando bem aplicado é como uma narrativa aberta, eu pessoalmente encaro-os na perspectiva literária! Quando se usam palavrões sem ser com o sentido concreto que têm, é como se estivéssemos a desinfectá-los, a torná-los decentes, a recuperá-los para o convívio familiar. Quando um palavrão é usado literalmente, é repugnante.Dizer "Tenho uma verruga no caralho" é inadmissível. No entanto, dizer que a nova decoração adoptada para a CBR 900' 2000 não lembra ao "caralho", não mete nojo a ninguém. Cada vez que um palavrão é utilizado fora do seu contexto concreto e significado, é como se fosse reabilitado. Dar nova vida aos palavrões, libertando-os dos constrangimentos estritamente sexuais ou orgânicos que os sufocam, é simplesmente um exercício de libertação.
Quando uma esferográfica não escreve num exame de Estruturas "ah a grande puta... não escreve!", desagrava-se a mulher que se prostitui. Em Portugal é muito raro usarem-se os palavrões literalmente. É saudável. Entre amigos, a exortação "Não sejas conas", significa que o parceiro pode não jogar um caralho de GT2. Nada tem a ver com o calão utilizado para "vulva", palavra horrenda, que se evita a todo o custo nas conversas diárias.
Pessoalmente, gosto da expressão "É fodido..." dito com satisfação até parece que liberta a alma! Do mesmo modo, quando dizemos "Foda-se!", é raro que a entidade que nos provocou a imprecação seja passível de ser sexualmente assaltada. Por ex.: quando o Mário Transalpino "descia" os 8 andares para ir á garagem buscar a moto e verificava que se tinha esquecido de trazer as chaves... "Foda-se"!! não existe nada no vocabulário que dê tanta paz ao espírito como um tranquilo "Foda-se...!!". O léxico tem destas coisas, é erudito mas não liberta. Os palavrões supostamente menos pesados como "chiça" e "porra", escandalizam-me. São violentos.Enquanto um pai, ao não conseguir montar um avião da Lego para o filho, pode suspirar após três quartos de hora, "ai o caralho...", sem que daí venha grande mal à família, um chiça", sibilino e cheio, pode instalar o terror. Quando o mesmo pai, recém-chegado do Kit-Market ou do Aki, perde uma peça para a armação do estendal de roupa e se põe, de rabo para o ar, a perguntar "onde é que se meteu a puta da porca...?", está a dignificar tanto as putas como as porcas, como as que acumulam as duas qualidades.
Se há palavras realmente repugnantes, são as decentes como "vagina", "prepúcio", "glande", "vulva" e "escroto". São palavrões precisamente porque são demasiadamente ínequívocos... para dizer que uma localidade fica fora de mão, não se pode dizer que "fica na vagina da mãe" ou "no ânus de Judas". Todas as palavras eruditas soam mais porcas que as populares e dão menos jeito! Quem é que se atreve a propor expressões latinas como "fellatio" e "cunnilingus"? Tira a vontade a qualquer um! Da mesma maneira, "masturbação" é pesado e maçudo, prestando-se pouco ao diálogo, enquanto o equivalente popular "esgalhar o pessegueiro", com a ressonância inocente que tem, de um treta que se faz com o punho, é agradavelmente infantil. Os palavrões são palavras multifacetadas, muito mais prestáveis e jeitosas do que parecem. É preciso é imaginação na entoação que se lhes dá. Eu faço o que posso."
Quando uma esferográfica não escreve num exame de Estruturas "ah a grande puta... não escreve!", desagrava-se a mulher que se prostitui. Em Portugal é muito raro usarem-se os palavrões literalmente. É saudável. Entre amigos, a exortação "Não sejas conas", significa que o parceiro pode não jogar um caralho de GT2. Nada tem a ver com o calão utilizado para "vulva", palavra horrenda, que se evita a todo o custo nas conversas diárias.
Pessoalmente, gosto da expressão "É fodido..." dito com satisfação até parece que liberta a alma! Do mesmo modo, quando dizemos "Foda-se!", é raro que a entidade que nos provocou a imprecação seja passível de ser sexualmente assaltada. Por ex.: quando o Mário Transalpino "descia" os 8 andares para ir á garagem buscar a moto e verificava que se tinha esquecido de trazer as chaves... "Foda-se"!! não existe nada no vocabulário que dê tanta paz ao espírito como um tranquilo "Foda-se...!!". O léxico tem destas coisas, é erudito mas não liberta. Os palavrões supostamente menos pesados como "chiça" e "porra", escandalizam-me. São violentos.Enquanto um pai, ao não conseguir montar um avião da Lego para o filho, pode suspirar após três quartos de hora, "ai o caralho...", sem que daí venha grande mal à família, um chiça", sibilino e cheio, pode instalar o terror. Quando o mesmo pai, recém-chegado do Kit-Market ou do Aki, perde uma peça para a armação do estendal de roupa e se põe, de rabo para o ar, a perguntar "onde é que se meteu a puta da porca...?", está a dignificar tanto as putas como as porcas, como as que acumulam as duas qualidades.
Se há palavras realmente repugnantes, são as decentes como "vagina", "prepúcio", "glande", "vulva" e "escroto". São palavrões precisamente porque são demasiadamente ínequívocos... para dizer que uma localidade fica fora de mão, não se pode dizer que "fica na vagina da mãe" ou "no ânus de Judas". Todas as palavras eruditas soam mais porcas que as populares e dão menos jeito! Quem é que se atreve a propor expressões latinas como "fellatio" e "cunnilingus"? Tira a vontade a qualquer um! Da mesma maneira, "masturbação" é pesado e maçudo, prestando-se pouco ao diálogo, enquanto o equivalente popular "esgalhar o pessegueiro", com a ressonância inocente que tem, de um treta que se faz com o punho, é agradavelmente infantil. Os palavrões são palavras multifacetadas, muito mais prestáveis e jeitosas do que parecem. É preciso é imaginação na entoação que se lhes dá. Eu faço o que posso."
quarta-feira, julho 15, 2009
Rodrigo Leão - apresentação do albúm "Mãe" ou como exercitar os gémeos e adocicar os ouvidos
Ontem na Fnac do Chiado em Lisboa, ao final da tarde. Um calor de morte (os descontos não dão para arranjar um ar condicionado decente?!), audiência em quantidade e altura (o que é que esta gente come para crescer assim?!), eu era a dos pulinhos, lá atrás no meu 1,65, sapatos rasos. Ora via, ora não via, ora via ora não via, qual anãozinho atrás do balcão. Mas ouvi, ouvi muito e isso, neste caso, é (quase, quase) tudo.
Vitesse
Obrigada pelos imensos mails de apoio enviados (2 ou 3...) que me transmitiram entusiasmo e força para lutar e conseguir de forma equilibrada enfiar o pé esquerdo em cima do respectivo pedal.
sexta-feira, julho 10, 2009
Manual de instruções
Sem perguntar, sem saber nada da minha vida, uma colega quase da mesma idade, casada pela segunda vez, achou que tinha uma missão (se a cumprisse dignamente salvar-me-ia e, em simultâneo, seria redimida de eventuais pecados, suponho): ensinar-me como "caçar um homem" (estou a citar). Abriu ali à minha frente um livro de receitas, daqueles cheios de ingredientes impronunciáveis e de erros crassos nas dosagens. Atitude, roupa, festas, sexo, culinária gourmet, maquilhagem, família, Deus, internet, cabeleireiro, massagens, danças exóticas. Ouvi atentamente sem perder pitada. No final liguei para o 112, alertei a Organização Mundial de Saúde para o risco de mais uma pandemia e retirei-me imune, morta de riso e certa de que basta ele dizer uma só palavra e eu serei salva.
Contra os chavões, pedalar, pedalar
Planos e mais planos deram na compra de uma magnifica bicicleta dobrável, “uma urban qualquer coisa” que para mim é mais uma “despensa ou um porta-bagagens cabe-coisa”. Desdobrei, dobrei, pus e tirei do saco impermeável. Fiquei enfim apta para experimentá-la, vento na cara, pista junto ao mar, calção e t-shirt de alças, tudo em nome da liberdade, do relax e do bronze. Contudo descobri que após alguns anos de inércia ciclista aquela expressão popularmente usada - “isso é como andar de bicicleta, nunca se esquece” – é um verdadeiro mito urbano ( e rural também). Ou então a coisa é mais grave e ainda vou ser estudada pela ciência.
terça-feira, julho 07, 2009
No deserto dele
Hoje sai “No teu deserto” o quase romance do Miguel Sousa Tavares. Veio parar às minhas mãos antes de ser editado, li-o num ápice devorador. Este quase romance é mais um quase poema, um quase desabafo, um quase amor que se revelou menos quase que muitos outros, mais duradouros, mais publicitados. Escrito como de um relato de viagens se tratasse conta a história de uma específica viagem ao deserto argelino por acaso com Claúdia, que já morreu menos nele e na sua confusa gaveta de recordações. Interessante quando se vê pelos olhos de Cláudia – a visão daquilo que o Miguel acha que é uma mulher, concretamente aquela -, desinteressante quando, a certa altura, se contradiz sobre a memória do corpo dela. O deserto dele merece uma expedição, um lugar apertadinho na estante e umas frases anotadas no moleskine.
Ele não se lembra
Ele não se lembra. É um facto. Não o custa aceitar, nada está diagnosticado embora existam médicos altamente especialistas que, com um ar inteligente, adiantam a possibilidade de tudo ser atribuído à… velhice. Ele não se lembra, não está confuso, nem mudo, nem inseguro. Pura e simplesmente não se lembra. Há pistas que podiam ali conduzir por associação de imagens mas todos os labirintos do seu cérebro vão dar a um beco sem saída, todas as ideias encadeadas estão emparedadas por intransponíveis muros de betão. Ele pura e simplesmente não se lembra, disse, é simples, não me magoa, não o magoa porque esqueceu que esqueceu e, nisso, invejo-o. As culpas, divinas ou humanas, os egos e tudo o resto não são para aqui chamados. Ele não se lembra de mim, sua única neta, ele, meu único avô vivo. Sabe que sou filha da filha mas sempre que me vê apresenta-se, pergunta-me gentilmente o nome e diz sente-se. Conversamos sobre o tempo, a saúde, as notícias de ontem. Ele não se lembra. Olho-o longamente enquanto discursa, inevitavelmente (re) vivo o passado, ele retribui a atenção, devolve-me o olhar e aí sei estar certo que esqueceu o futuro.
quinta-feira, julho 02, 2009
Bella
Foi um dos (muitos, muitos) filmes que vi recentemente. Uma história simples sobre amizade, sobre os acasos da vida, sobre generosidade. Inicia com uma frase irresistível em que a personagem principal, narrador, afirma que um antepassado seu dizia qualquer coisa como" se queres ver Deus rir conta-lhe os teus planos". A não perder ainda no cinema e já no clube de vídeo.
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