quarta-feira, agosto 27, 2008

Sem medida

Reparei que tudo nos faz crer que o amor é mensurável, a quantidade de beijos que se dá, o tamanho da cauda do vestido de noiva, o valor do presente de aniversário, o quilate do diamante incrustado, o número de vezes que o telefone toca. Há assim amores que se medem aos palmos, de palmo e meio, de meio palmo… Amores avessos à imensidão, à liberdade, às mãos abertas e ao sorriso franco. Amores que se esquecem no banco do autocarro, no papel de embrulho no lixo, numa chave abandonada na caixa do correio. Amores que nascem de um cartão de visita pomposo, de uma farsa encenada ao pormenor, da pintura cuidadosa de máscaras inúteis. Amores de que todos falam, medem, pesam, elogiam ou criticam, que espantam, desiludem, deslumbram. Sempre soube que não fui feita à medida para o amor mensurável, não cabe em mim, magoa-me nas esquinas, inunda-me os olhos, estrangula o coração. O outro, incondicional, imenso, raro, cabe na perfeição na palma de cada mão e faz-me sempre desmesuradamente feliz.

2 comentários:

Joana disse...

Nada do que é importante, realmente importante, tem preço, peso, medida, idade, cor, razão de ser ou de existir. É. E isso basta.

Espero que "o outro, incondicional, imenso, raro" - se ainda não aconteceu - que te aconteça: que *o outro* venha ter contigo e o percebas e, por isso, o saibas manter.

Também só gosto do *outro*. :P

Jinhos.

P.S. Como me adoçaste o dia, rapariga, com aquele comentário! :))))))))

Nanny disse...

Desmesuradamente feliz... é a melhor medida para o amor!

E como diz um amigo... que seja eterno enquanto dure :D

Beijocas, Ouricita!