quarta-feira, outubro 31, 2007

Traidores de todo o mundo...



... uni-vos! E continuem a surpreender!


Contaram-me ontem uma rebuscada história de traição que, traduzida, daria uma novela de pico de audiência, ainda sem fim à vista. Encaixa na perfeição naquela citação do homenzinho de bigode, baixote que quis, até 1945, governar o mundo:
quanto maior é a mentira, maior a possibilidade de ser acreditada.

Na sequência disso fica aqui um útil site para os que, dessa classe, têm falta de imaginação: http://www.alibila.com/Accueil.html

terça-feira, outubro 30, 2007

Venha de lá esse frio!


Pois estou…. Quando vem ele?
Isto das alterações climáticas tem muito que se lhe diga, em três dias levou a que, pelo menos, existissem três declarações que provam uma estreita conexão entre o aquecimento global e a doença psiquiátrica:

Da Casa Branca foi declarado, como uma das justificações para a não ratificação do Protocolo de Quioto, que o aquecimento global até pode beneficiar algumas populações que anualmente sobrem baixas devido às temperaturas negativas. Isto faz-me lembrar uma crónica da semana passada do Bruno Nogueira na TSF sobre o tema na qual enunciava uma série de pontos positivos, a este nível de argumentação (só que integrados num contexto humorístico), mas, por fim, alertava para o facto de haver menos estações, o que podia lixar a vida aos estilistas! Quando a Donna Karan souber talvez pressione o Bush para que faça alguma coisa de jeito.
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A última assembleia-geral do SLB, apelidado pelos inocentes de O Glorioso: no meio de impropérios lançados pelas sancionadas claques (essa espécie que nem o raio do aquecimento global extingue!) ao Presidente Glorioso, o Vilarinho passa-se indignado, qual pai do antigo regime impondo o respeitinho, e diz que aquele senhor não é uma pessoa qualquer e por isso não podem ter aquela atitude, não o podem insultar. Eis um argumento que, se não fosse completamente estúpido, seria, digamos… elitista.
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Os jornalistas, indignados com o facto do pai da Maddie ir retomar a sua actividade de médico radiologista, após toda esta tragédia/palhaçada, arranjam de imediato um especialista, daqueles muito especiais que dizem coisas especialmente espertas, que afirmou que, como colega de profissão, acha um risco um homem daqueles, após todo o sofrimento, voltar à actividade uma vez que os seus níveis de concentração estão mais baixos. Bom, a próxima vez que forem ao médico, que estiverem no hospital para serem operados, que forem ter um filho, façam o trabalho de casa: certifiquem-se (preparem mesmo um formulário) se alguém da equipa médica que os atende teve recentemente um drama pessoal (conceito muito subjectivo, como sabemos), tipo morte de um parente, de um amigo próximo, do cão de sempre, um divórcio litigioso, um telefone sob escuta, um salto partido da bota, uma unha encravada...

segunda-feira, outubro 29, 2007

Manifesto anti-racista da comunidade ovina (ou lanígera, enfim... como acharem mais fofinho)


... ou um pretexto para que conheçam o meu pet: a ovelha Camila! Nasceu em Espanha mas veio muito pequenina para Portugal (antes que se apercebesse de tal desgraça). Vá, diz olá às meninas e meninos, e a todos os outros, que têm a coragem e, posterior, imensa satisfação de ler este blog, diz lá.................... Ouviram? É linda!

sexta-feira, outubro 26, 2007

quarta-feira, outubro 24, 2007

terça-feira, outubro 23, 2007

És tão infantil

Passava pelos bibes no caminho casa-trabalho, cantavam, pululavam de mãos dadas, a deixar cair bonés e pedacitos de felicidade da calçada. Disse-me adeus um, outro pôs a lingua de fora. Andando e pensando no elogio que me fizeram um destes dias, elogio que talvez não o fosse: disseram-me, sabe-se lá porquê, entre um molho de papéis para analisar, que o meu lado infantil era notório. Nota-se sim, cresce todos os dias, é sólido, é maduro este meu lado infantil. Já passava o Jardim Constantino quando começou a listagem, porque é preciso recolher prova, da quantidade incrível de coisas que sobram da minha infância:
  • andar de baloiço, balouçar-me quando estou triste;
  • beber água com ajuda da mão;
  • experimentar roupa dos mais velhos;
  • comer chapéus de chuva de chocolate da Regina;
  • odiar cortar o cabelo;
  • correr descalça;
  • mexer na terra com as mãos,
  • rapar as tigelas com preparado das sobremesas;
  • distrair-me a seguir carreiros de formigas;
  • chapinhar em qualquer poça de água;
  • separar os vários tipos de comida no prato;
  • resmungar para dentro quando me ofendem "Se sou(... enfim a ofensa) e tenho fama é mais (... a mesma ofensa) quem me chama".
  • beber sumol de ananás;
  • falar e cantarolar quando estou sozinha;
  • andar de bicicleta sem ter em mente o fitness,
  • fazer origami, um bocadinho mais complexo, pronto;
  • pensar que qualquer coisa vai acontecer se aquele sinal não cair a tempo,
  • ...

Lista interminável concluí. Entretanto chego ao trabalho, já no elevador, depois de uns bons dias diplomáticos, constato de novo que preferiria sempre, pela manhã, a escola primária.

segunda-feira, outubro 22, 2007

Esclarecimento


"Quem ri por último, nem sempre ri melhor. Às vezes só não entendeu a piada."
Jô Soares

segunda-feira, outubro 15, 2007

No dia em que ganhar o Nobel

A Doris Lessing

Nesse dia já terei passado tanto que o meu cabelo desistiu de toda a cor, que a minha pele secou, já terei visto o suficiente para manter o brilho no olhar, para, num ápice, distinguir, certeira, o essencial do acessório. Então virei das compras como em qualquer outra manhã, virei de comprar coisas, o prosaico da vida, pão, iogurtes, é doce a fruta não é, arranje-me aí um pargo bem fresco, especiarias, flores, sempre flores. Dizia, virei das compras, regresso à minha casa, discreta, bonita, bem cuidada, talvez já vazia, com um jardim onde me demoro nos gatos e nas roseiras, e aí estavam eles, acotovelam-se, às dezenas, sem face, objectivas e microfones em burburinho sintético. Do táxi assusto-me, não reconheço a minha rua, a minha casa. Que quererão? Alguma catástrofe, alguma estrela com um escândalo? Só os vejo a eles. Flashes pela manhã, virão direitos a mim, cercam o seu alvo. Perguntarei atónita, naquela invasão inusitada do meu mundo, o que fotografam? Porque estão aqui? E eles, saboreando a notícia em primeira mão, engasgados de audiências dirão ganhou o Nobel daLiteratura! Penso devagarinho N-O-B-E-L-D-A-L-I-T-E-R-A-T-U-R-A-G-A-N-H-E-I. Vejo-me na infância, tomo-me conta, como sempre, junto ao mar depois de uma tempestade. Uno ponto por ponto todos os momentos felizes, foram tantos, não tinha dado conta, relevo todas as dores que os provocaram. Pouso os sacos das compras. Não respiro e digo Meu Deus como se nele acreditasse, chamando-o para que venha testemunhar a bizarria, o inédito do momento. Meu Deus! Retomo o fôlego para todo o reconhecimento do mundo que nunca de mim tinha ouvido falar, entro em casa, acondiciono o peixe, a fruta e os vegetais, sento-me no sofá, olho pela janela entreaberta. Eles esperam-me para todos os discursos inteligentes. Eu aqui, ainda invocando o Seu Santo Nome, desta feita não em vão, eu aqui, um Nobel da Literatura, gelada, suspensa, feliz, um Nobel da Literatura e sem, pela primeira vez, uma única palavra.

quarta-feira, outubro 10, 2007

A pura ficção (com todas as semelhanças com a realidade) do amor contemporâneo

...
Bem. Cansada mas bem. E tu?
Bem, cansado. Muito. Mas acabei de regressar de férias.
Então e mais coisas?
Todas as coisas! Jantamos um dia destes?
Pode ser... fazes o agendamento?
Começamos pela tua enciclopédia (ainda estás a escrevê-la, não é?) a do universo masculino português e depois...
Não, desisti ... converti-a numa tira de bd... cómica!
Fico contente por, de alguma forma, ter contribuído para tamanha conclusão.
És uma cobaia simpática. Mas a conclusão não se baseia em ninguém em especial, é um saber cumulado, muitos testemunhos, muita observação.
Pois, esse humor cínico-alternativo!
Em plena forma!
Bom, contigo não há agendamento possível. Retomamos então naquele almoço com vista para o rio?
O quê, o do dia em que nos conhecemos?
Sim. Mas podem ser os outros, foram todos perfeitos!
Estás bem? Contraíste algum vírus tendencialmente incapacitante?
Não achas que oito anos de assunto preenchem uma agenda?
De quantos jantares?
Bem sabes que são os que quiseres.
Contraíste o tal vírus de facto. Não te consigo levar a sério!
Por isso é que tens graça!
...
(continua...)

segunda-feira, outubro 08, 2007

Esse imenso Outono


Depois de ter feito a bela noitada a escrever a tese, que quanto mais páginas tem mais páginas precisa ter, acordei cedo e rumei à Ericeira porque o meu único sobrinho fazia um ano e ansiava pelos canapés que a Tia Ouriça ia fazer para os convidados.(Está lindo o meu sobrinho que adora os meus mimos misturados com os meus colares gigantes!) Ao lanche fomos invadidos pelos trinta mil convidados e as suas respectivas crianças (as estimativas oficiais apontaram para mais do dobro dos convidados adultos) que animaram a casa, o condomínio, o bairro, enfim, toda a região oeste, com as suas brincadeiras mais ou menos incompreensíveis para as quais tenho uma infinita paciência. Quando já não precisavam que fizesse de “grande”, refugiei-me na varanda para falar de futebol e de política com alguns homens que se tinham refugiado, por sua vez, da restante família. Quando suspeitei que as considerações acerca do universo feminino se iriam iniciar, engoli um café, uma fatia de bolo e uma taça de um belo champanhe num ápice e fugi para a praia do Sul, naquele fim de tarde, ainda a tempo de ver o pôr do sol. Bem sei que é mais ou menos igual há vários milhões de anos, porém a novidade não me empurra necessariamente para a felicidade. Assim, embrulhada na toalha de verão e de botas espalhadas na areia, fiquei ali distraída, sem pensar em nada, eu, o mar, o que restava do sol e dos surfistas do dia, a saborear esse imenso Outono que era aquela praia.

terça-feira, outubro 02, 2007

Pensamentos, constatações e outros devaneios


Pensamentos que me assolaram e episódios bizarros da semana passada:

Finalmente o Santana Lopes disse alguma coisa de jeito (só direi isto uma única vez), passo a citar”Oh minha senhora o país está doido!”

Vi a reportagem na SIC sobre os monges da Cartuxa, “O elogio da solidão”, e surpreendentemente, confesso, fiquei com muita pena de não ter nascido com aquela vocação quase eremita que lhes dá tanta felicidade;

Que o Plano Tecnológico deve dar um novo passo (e rápido) para dotar equipas de árbitros do futebol da 1ª Liga de tecnologia de ponta, infalível para que a comunicação nunca falhe (Se o Santana ainda fosse Primeiro Ministro (arghhh!!!) era para ontem!);

Que a chuva de Outono (que saudades!) sabe bem, tão bem em casa com janelas grandes, de sofá, almofadas, Expresso e uns cubinhos de chocolate.

No domingo pela manhã enfiei-me num famoso Centro Comercial para resolver as trinta coisas que tinho deixado acumular nos últimos tempos. Fiquei deprimida: numa uma hora e meia presenciei três discussões audíveis, duras, de casais desavindos, uma das quais ao telefone, pelos seguintes motivos:
- a Sandra (do outro lado do telefone) foi sair com o Não-Sei-Quantos que provocou uma fúria gigantesca no Não-Sei-Quantos II, por enquanto o seu namorado oficial;
- Um casal discutia numa sapataria. A filha chorava de birra. Motivo: as botas que a menina gostava estavam esgotadas e o pai arranjou outras como alternativa melhores, mais funcionais e igualmente caras. A mãe achava inadmissível levar umas botas contra a vontade da filha. O tom da discussão cresceu ao ritmo do choro da criança.
- O terceiro Não-Sei-Quantos dizia, repetidamente e num tom descontrolado, à mulher amuada, que fingia ignorá-lo enquanto via expositores de cds, para não estar armada em parva, que já o conhecia e era assim e pronto (seja lá o que “era assim” fosse).
Saí deprimida, com vontade de ficar solteira para o resto de toda a minha sã vida e a pensar naquela sábia frase (nunca pensei dizer isto) do Santana Lopes. Irra!