Tim Burton
Seguem sorrisos amarelos sobre a passadeira vermelha. Elas param para dizer que estão felizes, alegres, contentes, radiantes e para publicitarem o nome do modelito e da jóia que usam. Eles param para dizer como estão felizes, alegres, contentes, radiantes e para publicitarem o nome da mulher, em geral 20 a 30 anos mais nova, que trazem pelo braço. Todos focados no lucro desses anúncios. Alguns trazem atrelados familiares não tão bem vestidos ou declaram que foi um instantinho para se aperaltarem. Não dão importância a futilidades e querem muito fazer um próximo Almodovar ou um dos Cohen. Ninguém se lembra de perguntar onde foi adquirido o silicone já da colecção primavera-verão 2013, que é feito do amor-da-vida do outono-inverno 2012 ou porque aquela rapariga tem umas olheiras que condizem com o ar perdido. Depois há a cerimónia nunca tão engraçada como se esperava. Uma plateia onde o talento está concentrado em poucos e o investimento na beleza em muitos. Umas escadas que são um verdadeiro desafio para as senhoras premiadas enroladas em km de tecido e para as pessoas bêbedas em geral. Um homenageado morto ou em decadência. Uma música emblemática. Uns estrangeiros que dão um toque exótico tão apreciado em Hollywood. Uma ou duas gaffes, três ou quatro piadas de mau gosto. Por fim, pessoas sorridentes com pequenos senhores dourados, com o nome do tio de alguém, nas mãos que serão utilizados para os mais diversos fins. Carreiras que disparam, morrem, amarguram. E mais uma noite em branco a tentar entender a importância da simplicidade que tudo isto tem.