sexta-feira, janeiro 27, 2012
Ver, rever e praticar
Ando a actualizar, em fast forward, as minhas idas ao cinema.
Ontem, As Serviçais. Uma nova Cor Púrpura, talvez. Um filme sobre a diferença muito além do racismo aprisionado no tempo e no espaço. Um filme sobre a hipocrisia contemporânea e os insondáveis caminhos da cobardia e da coragem. Para ver, rever e praticar.
Muito trabalho, pouco riso
"Muito trabalho, pouco riso" define o carácter do novo secretário geral da CGTP, ouvia hoje numa síntese biográfica na rádio. Talvez seria mais importante quedar-me na sua convicção leninista, na sua ortodoxia assumida. Mas ideologias leva-as o vento, quem somos e como vivemos permanece. Talvez fosse de dissertar sobre o estado a que o movimento sindical chegou, ao desajuste entre o rumo seguido e as efectivas necessidades da população activa e em particular dos precários e dos desempregados . Mas retenho-me neste traço que caracteriza um líder: "muito trabalho, pouco riso". Ecoam memórias do provérbio autoritário e cinzento que adivinhava no muito riso pouco siso. Fartar-lhe-à ironia e auto-critica, vazio preenchido por uma certa rigidez colada a cuspo no proletariado. Erguem-se muralhas e muralhas electrificadas contra o capitalismo, aprofundam-se rugas na testa, agitam-se punhos no ar que, teatralmente, batem na mesa de imaginárias negociações. Vendo daqui, parece não haver esperança que este líder seja sequer o último a rir.
quarta-feira, janeiro 25, 2012
(Con) Descendentes
Em Os Descendentes, Matt King (George Clooney) vê-se, de repente, (quase) viúvo com duas filhas adolescentes que, na verdade, não conhece. Para apimentar o drama interior descobre que a sua mulher sonhava trocá-lo pelo amante, um agente imobiliário ambicioso que a tentava usar num negócio de milhões.
A trama, simples, dá lugar a alguns momentos deliciosos mas é só. Afirma-se que Cloooney será um grande candidato ao Óscar porque está, cito, fora da sua zona de conforto. Com isto devem querer dizer que interpreta um contido macho alfa, cornudo, de camisa havaiana de gosto duvidoso e com (já alguma) falta de tónus muscular.
A trama, simples, dá lugar a alguns momentos deliciosos mas é só. Afirma-se que Cloooney será um grande candidato ao Óscar porque está, cito, fora da sua zona de conforto. Com isto devem querer dizer que interpreta um contido macho alfa, cornudo, de camisa havaiana de gosto duvidoso e com (já alguma) falta de tónus muscular.
Já a minha zona de conforto, enquanto espectadora, é delimitada por um bom guião, activação cerebral, estimulo estético e uma razoável sensação de satisfação no final. No percurso pedestre para casa, perdida em outros pensamentos, quase esqueci a história e aquele desconforto que me provocou.
terça-feira, janeiro 24, 2012
segunda-feira, janeiro 23, 2012
Dueto cantabile
Fui visitá-la à casa azul. Ao longe aquele azul já desbotara a paisagem circundante com uma tristeza monocromática. Sentada junto de uma das muitas janelas, sozinha, perdida na enorme poltrona de veludo. Brincava com os dedos e as memórias deformadas pelo presente que já não alcança.
Prometemos ir à ópera. Prometi que a levava, prometeu que me explicava todos os detalhes. Anos passaram, eu perdida na juventude e no quotidiano de fúteis preocupações, ondas de vazio que arrastaram as minhas promessas, as suas intenções.
Sentei-me no braço da poltrona e fiz sentir a minha presença. Sorriu. O meu nome escapara-se numa armadilha do tempo. Puccini, contudo, estava ainda por lá bem como a esperança de ser resgatada naquela tarde rumo à felicidade de um certo camarote do S. Carlos.
Prometemos ir à ópera. Prometi que a levava, prometeu que me explicava todos os detalhes. Anos passaram, eu perdida na juventude e no quotidiano de fúteis preocupações, ondas de vazio que arrastaram as minhas promessas, as suas intenções.
Sentei-me no braço da poltrona e fiz sentir a minha presença. Sorriu. O meu nome escapara-se numa armadilha do tempo. Puccini, contudo, estava ainda por lá bem como a esperança de ser resgatada naquela tarde rumo à felicidade de um certo camarote do S. Carlos.
sexta-feira, janeiro 20, 2012
quinta-feira, janeiro 19, 2012
Fim e recomeço
Uma canção que adoro sobre um fim e um recomeço, livre de mágoa. Hoje assinala-se a morte e o nascimento, respectivamente, de Ellis Regina e Eugénio de Andrade. O fim e um recomeço que o tempo proporciona para que abracemos o futuro ao som do passado.
terça-feira, janeiro 17, 2012
Race to the bottom
Depois de 2011, depois (e antes) de todos os impostos de emergência, depois do acordo assinado esta madrugada, depois da certeza de que o olhar do poder sobre a resolução de problemas de competitividade no nosso país está profundamente enviesado, resta-nos a desresponsabilização assumida, a proliferação de veiculos de alta cilindrada e charutos cubanos, a tentativa de "achinesamento" de uma economia que nunca foi grande coisa mas, pelo menos, se tem esforçado para aprender a falar correctamente a sua própria língua .
terça-feira, janeiro 10, 2012
"A" resolução de ano novo
(roubei daqui)
Descomplicar. Não devemos abandonar coisas em que conseguimos ser exímios, bem sei, mas a vida passa, o cérebro refina-se, o coração adoça e o esqueleto reclama. Tento com convicção desde 2011. Apareceram folhas, depois flores. Suponho que a frutificação esteja para breve.
sexta-feira, janeiro 06, 2012
Por aqui
Pareço uma turista na praia distraida, absorta, esticada ao sol, contemplando o meu ano anterior e secretamente aguardando que os próxmos 366 dias renovem a esperança que insisto em não perder. Está calor e descubro novos cocktails, espécies de peixes e paisagens cuja previsibilidade me certificam. Está quase deserto este paraíso. Anunciaram uma catástrofe qualquer. Nada, do meu institnto às mais apuradas previsões meteorológicas, alerta para uma fuga iminente. Em breve retomo o trabalho, os estudos e os encontros. Nenhum me vai impedir de continuar, secretamente, por aqui.
Carga de trabalhos
No primeiro post de 2012 apetece-me partilhar uma das minhas séries preferidas. 10 minutos de testemunhos sobre trabalho e as satisfações e insatisfações que provoca. Para que retomemos (se esquecida) a nossa capacidade de relativizar pequenos obstáculos quotidianos.
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