Os bancos são vermelhos, enormes, quatro, logo à entrada. Entendemos todos que deve ser assim. Por isso ninguém arranca a sinalética ou rasga os estofos. Contudo parte de nós, cansados da vida, dos outros e sobretudo dos que já viveram muito, dos que vivem mal ou dos que são, por nove meses, dois em um, aproveitam a cómoda oportunidade transformando aqueles bancos, enormes, numa passadeira vermelha para que desfilem, entre paragens urbanas, todo o seu egoísmo.
segunda-feira, janeiro 31, 2011
sábado, janeiro 29, 2011
poema das árvores e da aprendizagem
tudo o que as árvores fazem é pensar. ficam generosas à espera de chegar a uma conclusão. e se morrem, não é absoluto que tenham tido resposta. deram sombra, pássaro, fruto e vento, mas podem partir quietas, como quem tomba para dentro de si mesmo, com a felicidade pelo que já passou e nenhuma mágoa, só a aceitação sábia do tempo.
valter hugo mãe
in Contabilidade
quinta-feira, janeiro 27, 2011
segunda-feira, janeiro 24, 2011
quarta-feira, janeiro 19, 2011
terça-feira, janeiro 18, 2011
Sacode as Nuvens
Sacode as nuvens que te poisam nos cabelos,
Sacode as aves que te levam o olhar.
Sacode os sonhos mais pesados do que as pedras.
Porque eu cheguei e é tempo de me veres,
Mesmo que os meus gestos te trespassem
De solidão e tu caias em poeira,
Mesmo que a minha voz queime o ar que respiras
E os teus olhos nunca mais possam olhar.
Sophia de Mello Breyner
Sacode as aves que te levam o olhar.
Sacode os sonhos mais pesados do que as pedras.
Porque eu cheguei e é tempo de me veres,
Mesmo que os meus gestos te trespassem
De solidão e tu caias em poeira,
Mesmo que a minha voz queime o ar que respiras
E os teus olhos nunca mais possam olhar.
Sophia de Mello Breyner
quinta-feira, janeiro 13, 2011
não há Direito
O que se comenta nos transportes públicos nacionais por estes dias? Uma pista: não é a crise nacional. Já ouvi de tudo, porque o povo é sereno mas não é sensato, ladeado por espectros pessoais e deturpações biblicas que asfixiam a razão. E diziam dois "sábios" anciãos que conversavam discretamente sobre o assunto sem pronunciarem algumas palavras, aquelas que os ferem, as que fingem não saber quais são: "Coitado do rapaz, na flor da vida... Não há direito!" E não há mesmo Direito. Eu não diria melhor.
terça-feira, janeiro 11, 2011
Diametralmente
Eu e o país andamos em fases diametralmente opostas, exceptuando talvez na área financeira com uma acrescida dificuldade da minha parte por não ter a oportunidade de aceder ao fundo europeu de apoio financeiro e posteriormente ao FMI. Quero dizer com isto que 2011 começou confuso para Portugal, totalmente claro para mim. Uma semana de férias, caixotes e caixotes arrumados nos novos armários, uma casa inteira para organizar, aniversário e trabalho académico pelo meio, fizeram de mim a mulher mais metódica e produtiva de Portugal (uma espécie de relógio suíço alfacinha). E talvez também a mulher que mais horas assistiu à TV, desde a fantástica Nigella passando por mil debates, mais ou menos exaltados/idiotas, a umas séries maravilhosas. Mãos destruídas por acartar todas as bugigangas e pelo zapping constante resolvi parar um pouco e pensar nesta cacofonia de “experts e opinion makers” que nos assalta. Quase ninguém analisa nada, olham para o umbigo, insistem em não sair da redoma de preconceitos, defendem interesses, em última instância, económicos. Temos uma campanha eleitoral, um homicídio escandaloso, o melhor treinador de futebol do mundo, um governo que vive de aparências, um recibo de vencimentos angustiante, um pezinho a resvalar no precipício. Temos bom vinho embora seja um luxo bebermos as quantidades diárias de que precisamos para sobreviver. Temos também um clima óptimo. Pena que tenha chovido tanto ultimamente.
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