quarta-feira, novembro 25, 2009

A objectividade da estética

É um passáro?
É uma mesquita (vide minarete) com um toque kitsch?
É um carro alegórico do Carnaval de Torres?
É um barco saído de um filme tipo "Priscilla, Rainha do Deserto"?
É uma nave espacial de uma série de ficção cientifica dos anos 80?

Não, é a nova igreja de S. Francisco Xavier do arquitecto Troufa Real, avalizada pelo Patriarcado, licenciada pela CML há quatro anos, cuja construção se iniciou a semana passada.

Lisboa é realmente uma cidade surpreendente.

sexta-feira, novembro 20, 2009

Reminder


Dias cheios como ontem fazem lembrar outros, aqueles em que brincava com os meus amigos de infância das férias grandes, pés na terra, debaixo de castanheiros imensos junto ao riacho. Alguns deles mudaram de aldeia ou de país, outros reproduziram-se em Rubens e Vanessas e passeiam-se em Mercedes e Audis em segunda mão, vidros esfumados, movimentos pendulares casa-hipermercado da vila, todos desapareceram. Muitas vezes quase não oiço o som do riacho nem do vento de fim de tarde nas folhas dos castanheiros. No entanto, em dias como o de ontem, os meus pés regressam à terra húmida, ecoam risos e ladainhas, banda sonora de mil brincadeiras. Está tudo ali num restaurante cosmopolita, num breve passeio na Mouraria, numa voz meiga do outro lado do telefone, num cumprimento sincero selando o fim de uma tarefa bem sucedida. Dias cheios que me relembram o quanto sou feliz.

quarta-feira, novembro 18, 2009

Desabafo consumista

Há quatro coisas nas quais odeio gastar dinheiro (e hoje lá teve de ser em três delas, arghhhhhh!!!!) :

  • tudo o que esteja relacionado com o meu carro
  • cabeleireiro
  • multas
  • tampões

Agora assim escrito, visto e revisto, se calhar, dada a heterogeneidade, devia procurar a ajuda de um especialista.



Lustre de tampões - Joana Vasconcelos (podem admirá-lo aqui)

Zapping


De manhã, sala vazia, dia cinzento, cinco minutos de roupão entre o banho e o guarda fato. A tentação do comando é mais forte. Iogurte numa mão, olhos boquiabertos no noticiário matinal. Mulheres, jovens, crianças-mulher na unidade especializada de um hospital imenso no Afeganistão. Sobreviveram contrariando o destino que tinham para si traçado, a imolação. Resistiram mas não conseguem mais estar vivas face à dureza do quotidiano, do quotidiano multiplicado por toda a vida, do destino que outros – os Taliban: seus pais e maridos – lhe traçaram. Tentam morrer, salvam-nas mas há muito estão mortas, enterradas naquela brutalidade social. O iogurte, esse, ficou intacto mas eu não.

sexta-feira, novembro 13, 2009

Mágico

Ontem a ouvir atentamente o monólogo da Eunice Munoz no Teatro D. Maria II, na estreia do "Ano do Pensamento Mágico", aprendi porque me perco nos dias tristes a contemplar as mais absurdas paisagens, porque me interesso por geologia ou porque me refugio, mesmo sem saber, em raciocínios causais que nada têm de científico. Percebi, no texto da Joan Didion e na voz da Eunice, que a promessa "amo-te mais do que apenas mais um dia" deve ser a medida do verdadeiro amor.

Uma plateia de estreia cheia de celebridades, muitas estrelas (de)cadentes que perdem mais tempo no foyer e com os flashes do que no veludo dos estofos. Por o teatro ter virado circo tudo atrasou vinte minutos.

quinta-feira, novembro 12, 2009

quarta-feira, novembro 11, 2009

Histórias com gente dentro

Desde sempre adoro ouvir histórias sobre tudo. Descobri que a SIC, nesta semana e logo após os jornal das 20.00h, conta histórias sobre portugueses, sobre todos nós. Já vi a "Janela" e o "Mercado" e lanço agora o alerta para que não percam esta delícia de jornalismo.

sexta-feira, novembro 06, 2009

O que doi às aves


Com os meus amigos aprendi que o que doi às aves
Não é serem atingidas, mas que,
Uma vez atingidas,
O caçador não repare na sua queda.

Daniel Faria


(poema que Alice Vieira escolheu para intitular o seu último livro de poesia)

"O que se leva desta vida"...

... é uma peça que estreou ontem no Teatro S. Luiz em Lisboa. A azáfama de uma cozinha de um grande restaurante , pratos confeccionados ao vivo por uma trupe de formiguinhas trabalhadoras enquanto os dois chefs se confrontam sem pudor. Da animada, malcriada, criativa, brutal e delirante discussão saiu a luz, como sempre acontece quando respeitamos o outro. A vida despretensiosamente com muita culinária à mistura. Aplaudi de pé.

terça-feira, novembro 03, 2009

No more tears (ou alguém teve um infância igual à minha)

Quantas vezes me fechei para chorar
na casa de banho da casa da minha avó
lavava os olhos com shampoo
e chorava chorava por causa do shampoo
e depois acabaram os shampoos
que faziam arder os olhos
no more tears disse Johnson & Johnson
as mães são filhas das filhas
e as filhas são mães das mães
uma mãe lava a cabeça da outra
e todas têm cabelos de crianças loiras
para chorar não podemos usar mais shampoo
e eu gostava de chorar a fio
e choravas
em um desgosto sem uma dor sem um lenços
em uma lágrima
fechada à chave na casa de banho
da casa da minha avó
onde além de mim só estava eu
também me fechava no guarda-vestidos grande
mas um guarda-vestidos não se pode fechar por dentro
nunca ninguém viu um vestido a chorar


Adília Lopes

Operação Focinho Oculto


Buscas no dicionário Priberam para

VARA
s. f.
...
15. Manada (falando de gado suíno).
...

segunda-feira, novembro 02, 2009

Adormecida

Um sonho com coração desperto do qual insisto em não acordar, sexta feira passada, no Coliseu de Lisboa.