
“Nota-se a sua tentativa de demarcação neste ponto específico blá, blá, blá”, faço mais espirais com a caneta – agora, felizmente, já de dentro para fora – e recordo o novo perfil do super-funcionário-público, tão apregoado no último ano: as palavras inteligência, formação, dinâmica, iniciativa estavam algures nessa descrição plastificada pelo glamour da modernidade. No final de desenhar um campo relvado cheio de florzinhas, todas coloridas na minha cabeça, regresso ao “blá, blá blá” e constato que afinal, e se calhar, não é bem isso que querem. Subitamente uma imensa vontade de espirrar. O pólen dá-me cá uma alergia…

Sempre cresci com poucas crianças em meu redor. Talvez seja por isso que gosto tanto delas. Talvez seja por isso que, sempre que vou ser tia (é raro), fico tão feliz. Este ano vão ser duas vezes (um record): uma no final de Abril e outra a meio de Setembro. Depois é deixar a “marinar” para quando estiverem mais apurados, para quando puder falar com eles, contar-lhes histórias e responder-lhes a todos os porquês (e são tantos). Fingir que os esclareço e ficar a ouvir tudo o que têm para me dizer, guardar-lhes para sempre aquela pureza. 



