Tenho acordado com o passado. Parte de mim ficou por lá, ora arrumada com método, ora distraidamente espalhada no chão. Aprendi a dar-lhe a importância devida, uma década de desintoxicação do passado, medicada com sucesso por doses regulares de presente e sobredosagem de esperança no futuro. Mas tenho acordado com o meu passado depois de noites longas e tranquilas. Não o carrego pesarosamente ou me iludo com as suas glórias. Acordo com ele simplesmente. Saímos de casa cedinho no meio do nevoeiro, ouvimos o dueto Caetano-Gadú durante todos os percursos de solidão. É uma espécie de amigo imaginário, este passado, que agora me acompanha, tranquiliza e sussurra qualquer coisa que ainda não consigo entender, embora suspeite ser da máxima importância.
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