Éramos amigos há tantos anos. Talvez tenhamos nascido amigos mas toda essa eternidade não nos impediu de acelerar. Sei que conduzíamos já noite numa auto-estrada vazia, certos de que toda aquela velocidade era o nosso segredo mais profundo, via única libertadora de pequenas frustrações quotidianas. Esquecemos tudo, enchemo-nos de nós e, condutores inexperientes, acelerámos. O ego estrangulado pela insegurança e as condições de visibilidade deficientes não ajudaram. Chocámos com involuntária frontalidade. Não foram detectadas marcas de travagem no asfalto. Um de nós entrara em contramão naquela auto-estrada. Infelizmente só sobrou essa inútil discussão.
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