"Muito trabalho, pouco riso" define o carácter do novo secretário geral da CGTP, ouvia hoje numa síntese biográfica na rádio. Talvez seria mais importante quedar-me na sua convicção leninista, na sua ortodoxia assumida. Mas ideologias leva-as o vento, quem somos e como vivemos permanece. Talvez fosse de dissertar sobre o estado a que o movimento sindical chegou, ao desajuste entre o rumo seguido e as efectivas necessidades da população activa e em particular dos precários e dos desempregados . Mas retenho-me neste traço que caracteriza um líder: "muito trabalho, pouco riso". Ecoam memórias do provérbio autoritário e cinzento que adivinhava no muito riso pouco siso. Fartar-lhe-à ironia e auto-critica, vazio preenchido por uma certa rigidez colada a cuspo no proletariado. Erguem-se muralhas e muralhas electrificadas contra o capitalismo, aprofundam-se rugas na testa, agitam-se punhos no ar que, teatralmente, batem na mesa de imaginárias negociações. Vendo daqui, parece não haver esperança que este líder seja sequer o último a rir.
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