Todo um ano cheio de horas extraordinárias. Agora, por incrível coincidência, cruzo-me comigo frequentemente ao anoitecer. Lá dentro há uma luz imensa, ganho coragem e espreito-me, parece acolhedor: mobília a contar histórias, quadros serenos, livros que se acotovelam nas estantes, alguém, entre janelas, prepara o jantar. Noto que retirei cortinas, no seu lugar violetas, amores-perfeitos, cíclames, sardinheiras.
(...)
E assim que volto ao meu lugar
reencontro com dor e com prazer
o coração que fiz falar
à máquina de escrever, a ver
ela a dar corda à máquina de amar
e um coração a se amainar, só
quando aparte o amor
eu me vi só
atirando a moeda ao ar
diz-me que cara ou coroa
eu vou ganhar
diz-me quanto eu fiz bem
em me apostar
e que bem fiz em ter por necessárias
as horas extraordinárias.
reencontro com dor e com prazer
o coração que fiz falar
à máquina de escrever, a ver
ela a dar corda à máquina de amar
e um coração a se amainar, só
quando aparte o amor
eu me vi só
atirando a moeda ao ar
diz-me que cara ou coroa
eu vou ganhar
diz-me quanto eu fiz bem
em me apostar
e que bem fiz em ter por necessárias
as horas extraordinárias.
1 comentário:
Extraordinárias não são as horas, my little flower, extraordinária pode ser a capacidade de fazer "o coração falar à máquina de escrever". Não importa se cara ou coroa, pois a aposta está ganha!
Enviar um comentário