terça-feira, setembro 10, 2013

Lição

"Apercebi-me de que era necessário retirar uma lição mais complexa, uma lição que pudesse jogar com as imcompatibilidades do amor, conciliando a necessidade de sabedoria com a sua provável ineficácia, conciliando a imbecilidade da paixão com a sua inevitabilidade. O amor tinha de ser apreciado sem cairmos no optimismo ou no pessimismo dogmáticos, sem construirmos uma filosofia dos nossos medos, nem uma moral das nossas decepções. O amor dava ao espirito analitico uma lição de humildade, a lição de que, por mais que ele lutasse para alcançar certezas inabaláveis (numerando as suas consequências e agrupando-as em séries bem definidas), a análise conteria sempre erros - e, por conseguinte, nunca se afastaria muito da ironia."
Alain de Botton in Ensaios de Amor, Dom Quixote

1 comentário:

Filomena Chiaradia disse...

Muito bom, e encontra-se com o que pensei hoje, que o que parece que analiso, nada tem de analítico, é apenas e simplesmente, um sentir, que se fosse o Manoel de Barros, poderia dizer que é um sentílitico qualquer...que de nada certo tem. Adorei esse texto!