"Hosni Mubarak foi falar às crianças de uma escola primária e, depois do seu discurso, ofereceu-se para um período de perguntas.
Um rapazinho chamado Ramy levantou a mão e o Presidente egípcio interpelou-o:
- O que queres saber?
Ramy disse:
- Tenho quatro perguntas. Primeira: por que é que o senhor é Presidente há 29 anos? Segunda: por que é que nunca nomeou um vice-presidente? Terceira: por que é que os seus dois filhos, Gamal e Alaa, controlam a economia e a política do país? Quarta: por que é que o Egipto é um Estado miseravelmente pobre e o senhor não faz nada?
Nesse preciso momento, a campainha tocou e Mubarak informou as crianças que voltaria depois do intervalo.
No regresso, retomou a conversa:
-Ok, em ponto estávamos? Ah, já sei... Na sessão de perguntas. Alguém quer perguntar alguma coisa?
Um outro rapazinho levantou a mão. Mubarak apontou para ele e pediu-lhe que se identificasse.
- Eu sou Tamer, respondeu o menino.
- E qual é a tua pergunta, Tamer?
- Eu tenho seis perguntas. Primeira: por que é que o senhor é Presidente há 29 anos? Segunda: por que é que nunca nomeou um vice-presidente?Terceira: por que é que os seus dois filho, Gamal e Alaa, controlam a economia e política do país? Quarta: por que é que o Egipto é um Estado miseravelmente pobre e o senhor não faz nada? Quinta: por que é que a campainha tocou para intervalo 20 minutos antes do que é habitual? Sexta: o que é que o senhor fez ao Ramy?
Esta velha anedota, sussurrada entre portas e relembrada por Issandr El Amarani no seu blogue The Arabist, exprime bem algumas das razões que levaram os egípcios a perder o medo e a reclamar, não em segredo mas nas ruas, o fim de um regime ditatorial em vigor há quase três décadas."
No jornal Público de ontem, ilustrando a revolta no Egípto.
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