"Um pouco de poesia, Ouriça, um pouco de poesia" repetia enquanto ajudava alguém nas mudanças, esse caos pessoal em movimento escada acima, escada abaixo. Dizia em surdina quando um casal alcoolizado discutia, em stereo, no Metro. "Um pouco, só um pouco mais" refastelada no sofá, refeição ligeira levemente gourmet, copo de vinho, gelado preferido no congelador, preparada para o silêncio de uma noite outonal. No primeito minuto após as 20h o senhor engenheiro e o senhor professor fizeram com que me engasgasse na classe culinária do meu jantar. Esqueci o gelado, fui buscar mais vinho e constatei que há dias que não há poesia que chegue para nos embalar as dores, as constatações, as inevitabilidades, as percentagens.
1 comentário:
Há quem diga que vive disso exactamente a Poesia.
(Mas concordo na generalidade contigo.)
Jinhos.
Enviar um comentário