quinta-feira, outubro 21, 2010

Risco



Ela recebeu o relógio que lhe oferecera. Indiferente, mudou-lhe a correia, arejou-o, deu-lhe brilho. Era um relógio lindo, ficava-lhe bem. A ela. Frequentemente marca a cadência dos seus dias. Elogiam-lhe o pulso, o relógio, o tempo que sabe dominar.
Hoje, enquanto transportava numa caixa livros esquecidos algures, riscou-o, dramaticamente, numa esquina aguçada. Pousou a caixa, sentou-se devagarinho nos degraus e chorou como nunca. O acidente lembrou-lhe que afinal aquele relógio, tão perfeito, tinha sido, durante uns tempos, dele.

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