segunda-feira, outubro 25, 2010

Bússola

No final dos anos 80 um professor deu-me a nota num teste e, logo a seguir, escreveu "tu és a tua bússola". Tudo a vermelho. Aquilo impressionou-me, tanto que me apaixonei em segredo. Ele lia-me e sabia que eu era uma adolescente desorientada (facto inédito, aliás...), sabia quem eu era. Escusado será dizer que, num piscar de olhos, ele foi colocado em outro ponto do país e eu optei por esvaziar a paixão com um idiota qualquer em beijos roubados no pátio do liceu.
Ontem, ao ver "Comer, Orar e Amar" relembrei-me dele. Tinha começado a ler este livro há dois anos. Confesso que acabei mesmo antes de sair de Itália, no primeiro terço. A E. Gilbert é uma rapariga criativa e cheia de imaginação mas a sua condução da narrativa capotou algures numa das perigosas curvas e contracurvas do meu cérebro. Estamos perante um caso em que o filme é muito melhor que o livro. Além do grande impacto nos Media teve um outro, enorme, em mim, lembrando-me o que tanto tenho buscado depois de cruzar ruinas de cidades e cidades em decadência, de meditar todos os dias enquanto caminho para qualquer lado (menos adolescente, sempre desorientada).
"Tu és a tua bússola". Nem é preciso Itália, India, Bali ou Bardem. É só mesmo preciso saber de onde vimos e quem somos. Só assim saberemos para onde vamos.

1 comentário:

Joana disse...

"Tu és a tua bússola".

E assim se vai tratar de ver um filme que não estava nos planos.
:D

Jinhos.


P.S. Alguns professores são mesmo importantes. :)))))