Ela cabeceia contra o vidro, insiste no sono que ainda muito lhe deve. O fim-de-semana não foi suficiente, talvez toda a vida não o seja para descansar do ferro de engomar, da ansiedade de chegar, da dor de um carinho esquecido. A mulher-electrodoméstico adormeceu de novo, está despenteada, casaco descosido, não usa baton nem dentista. Sonha com as revistas de vida ficcional, sempre de final feliz. E este é um sonho que só dura até à próxima travagem brusca.
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E à pergunta do Juiz:
"Profissão?"
Respondeu:
"Electrodoméstica."
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