O fim de ciclo deixa nas minhas mãos recordações que ora se acentuam ora se desvanecem numa ampulheta entupida com os nossos grãos. Confusa, ansiosa, triste, deito-me na relva fresca e tento acompanhar as nuvens que passam apressadas. (Re)memorizo a minha agenda dos próximos dias, prazos, aniversários, reuniões, idas e voltas, respostas. Tudo cancelado. Oiço o 112 ao fundo, aproximando-se apressado da nossa vida, da tua morte. O telefone toca, agora não posso atender, estou naquele barco à vela a caminho da tua foz. Este fim de ciclo é ruidoso e perseverante, contraria-me. Abro o portão, corro escada acima, conduzo, autómata, guiada pelo teu olhar que insiste em não me reconhecer. Entretanto, cá dentro, adormeci, profundamente cansada, sob o sol morno de fim de tarde.
2 comentários:
Gosto.
Ainda nos encontramos antes das férias?
O teu fim de ciclo é sempre assim... estridente?
Beijinho e boas férias
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