Uma passeata pela manhã à chuva pode levar à loucura. Quem é melhor, o que deixa o que mais gosta para o fim ou o que o devora antes de tudo, o que finge não ver ou o que vê para não fingir. Dobro a esquina, Lisboa escorre, recorda-me uma cascata algures no norte de Espanha, fazia aquele barulho mas com sotaque galego. Passa alguém por mim com ar cretino e apressado e relembro-me, num flash, das últimas cretinices da minha vida, entrada por saída, como aquela primeira vez que fiz análises, uma pica que não dói nada, mentira, doeu um bocadinho e ainda hoje me lembro da cara sádica da analista. Dobro a última esquina, no horizonte já se empilham e-mails e considerações que desconsideram o que verdadeiramente deve ser considerado. Chegou a hora de me deixar disto e talvez seja mesmo melhor abrir o guarda-chuva.
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