terça-feira, janeiro 15, 2013

Verde


O fundo é cinzento. Oscila entre o escuro e o claro, cinza do nosso papel na sociedade, queimado num ápice, cinza espalhada por aí. Para emoldurar, há um rio, há um mar. Azul, verde, muitas vezes também cinza, quando insiste em reflectir o país, quando se camufla e limita-se a fluir. As árvores são castanhas, sem folhas, sem flores, sem frutos. Ramos ao vento, raízes ao chão, tudo no suposto lugar. Os risos são genericamente amarelos, há alguns rosa e um ou outro vermelho. Neste caso, o item quantidade assume maior relevância analítica. São poucos. A raiva é roxa. Condiz com quase nada mas, nas montras, seduz-nos. Em modo liquidação total. O silêncio é dourado, um banho reles para enganar os incautos e atrair, para a causa muda, os deslumbrados. O silêncio é contrafeito. A inveja é verde, verde seco. Camuflado nas quatro estações. A inveja é semeada, adubada, é colhida sempre precocemente. Há, porém, a inusitada coincidência da esperança ser verde. Verde esmeralda. Verde 2013.

2 comentários:

Filomena Chiaradia disse...

Mesmo que não haja por hora arco-íris, o cinza ainda é uma grande cor, já dizia Luca Argel, sua cor preferida. Mesmo que pareça tudo meio pastel como as não atitudes e a mudez pálida, ainda assim, vi vibrar muitas cores na ação de, entre o cinza e o verde, nascer mais letras, palavras, frases, caminhos para o escrever. Fico feliz então com a provocação do cinza, creio que Luca deve ter razão.

Urso Polar disse...

Eu cá é mais azul. E, claro, preto e branco, a melhor forma de fazer fotografia.