O homem que reclama junto da CP por querer pagar um bilhete que não lhe foi cobrado é notícia. O país assente em, dizem, valores católicos convive com ligeireza com o oportunismo e a esperteza de quem chega rápido onde quer, ainda que trilhando sobre vidas alheias. Vide a biografia de muitos dos nossos actuais políticos.
O homem que reclama, que defende que não quer contribuir para o défice da CP, que se indigna pelo não cumprimento das regras justas, é notícia. É um otário, sintetizam alguns. O problema é que sem estes otários não somos um país, uma sociedade altruísta definida pela honestidade, partilha, pela cidadania activa.
As maiorias transformam-se assim, lentamente, em minorias. As elites deixam-se comprar ou fogem fingindo emigrarem, as que resistem são adormecidas ao som das vãs lutas políticas. O povo apascenta as suas pequenas dores ao sol. Os otários e o país estão em vias de extinção. Por isso somos notícia.
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