No metropolitano, num destes dias, um casal de meia idade discutia entre dentes no banco mesmo à minha frente. Com um ar indignado ela chamava-o idiota por não ter pulso para lidar com o filho, fraco por não ter progredido profissionalmente como ambos almejariam. Ele irritado chamava-a, por sua vez, gastadora, preguiçosa e desatenta. Ambos se odiavam e estavam presos naquele casamento vazio. Saíram no Rossio e, quando me ia preparar para meditar de novo sobre as relações conjugais, olho de esguelha pela janela e, mesmo ao virar da esquina para subirem as escadas, reparo que deram as mãos.
3 comentários:
"O amor é um lugar estranho." ;)
Mas olha que o espírito de sacrifício (???) é geracional. Aposto que se tivessem a nossa idade, ao virar da esquina para "subirem as escadas" já estava ela a levar um chapo (à boa maneira nortenha) e caladinha... (Oki, exagero. Bad day...)
Jinhos.
P.S. 1 É bom saber que a menina anda de metro, comme moi :))))
P.S. 2 É bom ler-te. Tens uma capacidade narrativa extraordinária, i.e. admirável e fora do comum.
Ora aí está uma das boas razões para andar de transportes públicos: ver a irracionalidade da razão. Sim, é isso mesmo.
Esses já não eram dos nossos dias... ;-)
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