segunda-feira, janeiro 15, 2007

Dos meus amores VII


Acender o forno. Colheres, facas, garfos, triturador, tábuas, medidores em desalinho. Abro, fecho, abro, fecho, abro, esqueço aberto o frigorífico. As ervas, as especiarias, o sal q.b. A batedeira ensurdecedora. Já em banho-maria. As claras fazendo castelos. Amasso a massa que resiste ao amasso. Ferver. Salpicar. Entornar.100 gramas. ¼ de litro. As cores diluem-se, surgem outras, surpreendentes. Os cheiros intensos que apetece comer. A calma de toda esta confusão. O medo de nada correr bem. A certeza de que não se deve seguir esta parte da receita. As mãos frenéticas, lambuzadas. O avental cheio de animais felizes por ali estarem. O barulho das travessas que se acotovelam para serem a prima donna do dia. Não, não esqueci. Ah! Esqueci. Não faz mal, invento. Provo. Huummm! Argh! Mais sal, mais água, mais farinha, diluir, engrossar, mais limão, mais manjericão, mais tempo, mais quente. Forno já. Frigorífico agora. O descanso debruçada sobre a mesa da cozinha. A escolha de um bom vinho. A felicidade, à primeira garfada, nos olhos das cobaias-amigas do costume...
Eu cozinho. Cada vez mais.

3 comentários:

Anónimo disse...

Adoro cozinhar. É relaxante e recompensador, principalmente quando a criatividade é compensada por esse ar de satisfação das cobaias de que falas.

Urso Polar disse...

fico à espera de convite para a prova ;0)

Maria disse...

"esqueço aberto o frigorífico"

a minha mãe também ^-^

Eu cozinho muito pouco, quase nada. Só sou boa a fazer doces. O X cozinha super bem. Lucky me:)

beijos