sexta-feira, julho 28, 2006
The end
Inicia-se a música do genérico final. Lá fora está um calor insuportável. A praia fica longe, muito longe. Recosto-me da cadeira o ouvir atentamente e banda sonora e procuro sobrenomes portugueses no meio de todos aqueles. Encontro sempre pelo menos uns quatro. De raspão fico orgulhosa por ser portuguesa, alfacinha ainda que temporariamente ausente do habitat natural. The end. Já todos sairam apressados para os subúrbios ou para o gelado mais próximo. Escolho a segunda opção enquanto leio um papel pequeno, impresso a preto e branco, abandonado na mesa da esplanada. Fala na possibilidade que um "professor" dá de nos salvarmos mesmo antes do fim do mundo que, pelos vistos, está por aí. Livramo-nos da inveja, do mau olhado, de todos os pecados (os sete e os outros adicionados pelo séc. XXI), da falta de fé e de tudo o mais que pode incomodar (talvez também deste calor que já disse ser insuportável) o corpo e, sobretudo, o espiríto. Assim após consultas, confissões e muito dinheiro passaremos pelo fim incólumes, intactos. The end. Retenho o cliché final, esse muito mais próximo de mim: é preciso salvar para ser salva. O gelado chega rapidamente ao fim, a vergonha de o repetir empurra-me para a agitação do Chiado, mesmo ali ao lado. Enquanto desço as escadas rolantes da Fnac relembro de novo o genérico final, confirmo ter saído depois de ouvir a última nota da banda sonora, de ler o último nome. Saí mais salva que sã. Mas depois, é certo, não havia mesmo mais nada. The end.
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2 comentários:
Hummmmmmm!
Alguém foi à Hagen Daz!!!
Hagen Daz não tem dois Zs?
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