segunda-feira, setembro 10, 2012

Pior a ementa que o cianeto

Depois de uma consciente alienação na sexta-feira, não pude evitar saber o que Passos disse, um fado antes do futebol a que, tudo fazia crer, sucederia, num terceiro momento, um milagre de Fátima que faltou à chamada. Não veio milagre mas um sucedâneo rasca: um pedido de desculpas pelo próprio primeiro-ministro, nessa grande azinheira que é o Facebook. Ali abandona o político e assume o pai e o amigo que dá o ombro e a consciência, que não tem, caso os bravos portugueses precisem. Como é compulsivo da promessa (desta vez adivinha-se verdadeira) adianta (ameaça?), qual fiel proletário da elite que o comanda, que a luta continua. Nos últimos cem anos há quem tenha resolvido algumas crises com este método do medo, aproveitando distrações e incompetências, incentivando divisões e competições ignorantes ou fomentando a incineração. Não podemos ser a Islândia ou a destemida Argentina, estamos afónicos para o grito do Ipiranga e não vale a pena ir ao alto do Restelo agourar o destino das naus encalhadas no cais há séculos. A luz ao fundo do túnel do nosso umbigo apaga-se se não decidirmos, de uma vez por todas, pensar como parar esta revolução cínica que, lentamente, nos anestesia. Pura e simplesmente não queiram.

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