quarta-feira, março 23, 2011

Zarpar

Pela manhã ouvia um relato-síntese dos jornais alemães de hoje acerca da situação do nosso país. Apontavam a falta de formação/escolaridade dos portugueses (a começar pela do primeiro Ministro, acrescento) como principal razão para fraca capacidade concorrencial, espantavam-se como Portugal, após 25 anos de UE, ainda não conseguira solidificar a sua economia.
A parte boa é que os alemães desconhecem a nossa história, há mais de quinhentos anos que andamos nisto, falimos sete vezes desde então e não nos chegou explorar todas as riquezas do mundo para nos alicerçarmos.
Agora zarpamos de novo. No cimo da colina os velhos do Restelo saíram da toca e, num magistral arrobo de última hora, alertam para os perigos desta crise. Dentro da nau só cabem os clarividentes, os instruidos, os esforçados, os honestos e os que já não aguentavam mais viver em casa dos pais. Todos, mais ou menos à rasca, vamos desenrascar-nos com biscoitos e esperar que o escorbuto não chegue. Todos sabemos que o mar é duro, quase intransponível, que as noites são longas e os juros são altos. Resta-nos trocar impressões sobre tudo o que lemos até agora, contar as estrelas e ter esperança que existe ainda um novo continente por descobrir.