sábado, agosto 05, 2006

Bombas e biquinis


“Não é a melhor altura do ano para falar de guerra. Talvez seja a melhor altura do ano para fazer guerra(...)” lia hoje na “pluma caprichosa” da C.F.A. E por aí adiante desbravava o texto incisivo, muito critico a esta (des)ordem internacional do início do século XXI. Depois de todas as imagens, depois do barulho ensurdecedor das explosões e dos choros, depois de tudo o que já foi e o que estará para vir apetece-me MESMO fazer as malas e emigrar para outro planeta, de preferência fora do sistema solar. Jantava, um destes dias, frente ao telejornal, apercebi-me que intercalava entre destroços de dois povos e uns biquinis e pareos das “Xuxus” e “Xixis” em plena praia dos Tomates, dos Marmelos ou de qualquer outra fruta que esteja in e que fique imprescindivelmente em Agosto no Algarve, “the place to be”. Se pudesse optar por um mundo cor de rosa, lá estaria sem pestanejar, num bar da moda, num puff na areia bebericando o último grito das long drinks. Nada contra o mundo cor de rosa, talvez mudasse para azul mas é tudo uma questão de gosto. Não seremos todos hipócritas se dissermos que continuamos calmamente a levar a nossa vidinha de trabalho/lazer enquanto caem bombas sabe Deus (não sabe por certo!) onde! Fico só triste por esta (des)ordem internacional tomar conta de nós, pelos media alimentarem os “especialistas” que opinam sobre o que, muito claramente, não sabem, por tudo o que é mau, doloroso, triste estar banalizado. Tudo o que é desgraça acontecer a Oriente é normal, há uma espécie de meridiano que determina onde é natural morrerem inocentes e onde isso é uma tragédia sem precedentes, os EUA sapientes traçaram-no com toda a artificialidade e inconsciência que os caracteriza. Assim voltamos às Cruzadas, retrocedemos séculos, reavivamos valores xenófobos, racistas, feudais. Morrem israelitas, libaneses, iraquianos, afegãos, cristãos, judeus, árabes, pessoas... como nós.
Deus e Alá cansados, depois da treta do livre arbítrio, demitiram-se, estão, como se vê, em plena silly season, numa qualquer praia ensolarada sentados num puff bebericando o último grito das long drinks e lamentando-se vagamente do Dia da Criação, tanto trabalho para nada.

1 comentário:

Anónimo disse...

É tanta a identidade de comportamento desses dois divinos que começo a pensar que são uma mesma e única pessoa, embora com diversos alias ou "usernames" para melhor camuflar as indecisões morais e permitir diversificar as experiências comportamentais.
O traço comum de Deus, Alá e Buda -de não gostarem de se imiscuir nos problemas dos súbditos - denuncia-os!
Gostei do Blog e gosto do animal (o Ouriço, claro!)