sábado, junho 10, 2006
Tempestade atlântica
Entre os relatórios entediantes, uma profunda dor de costas e um café mal tirado atrevo-me, a medo, a olhar para o céu.É sempre mais seguro olhar para ele que para qualquer outro lado. É sempre mais precioso ouvi-lo que a qualquer outra coisa. Então esqueço-me, por momentos, de tudo. Reconduzo os meus sentidos e reescrevo este meu dia, ponho manhã entre parêntises e rasuro uma noite quase em claro. Há quem acredite que é no céu que estão todas as respostas, que é povoado, para além de satélites muitas vezes inócuos, de uma divindade que existe e se manifesta muita além da nossa compreensão. Sempre que nele me detenho entendo que assim poderá ser. Ou que assim é e disso me esqueço com muita frequência. Teologia à parte parece-me agora só um sitio onde posso descansar. Vem aí chuva, dizem. A frase não soa como ameaça. Eu diria que vem aí uma tempestade de (quase) verão atlântica. É biblico dizer que a chuva purifica os Homens. Eu diria que devia chover mais se assim é. E não vale a pena fazermos estudos aprofundados se nas épocas de monções os Homens são melhores, se há uma redução da criminalidade ou outra coisa do género. Guardo só a fórmula primitiva chuva=purificação. Encontro outro momento de conforto. Sento-me num banco de rua junto ao mar, despeço-me, comovida, do último raio de sol e deixo, sem pudor, que a chuva cumpra a sua missão, que deposite em mim toda a bonança que tem uma tempestade.
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