Coisas sobre pessoinhas pirosas e de tal modo estranhas que, de relance e caladas, até parecem normais (publicada na revista do jornal i "Nós Pirosos").
quarta-feira, fevereiro 24, 2010
ARCO Madrid 2010: o meu Best Of.
quinta-feira, fevereiro 18, 2010
Bilhete de despedida
Ambos falhámos. Um de nós fingia há tanto tempo admiração pelo outro e esse, por sua vez, fingia, na mesma quantidade de tempo, não perceber. Erguem-se muros agora. Tijolos de vidro, colocados com firmeza, vislumbram-se sombras, ecoam vozes longínquas. Distribuem-se culpas nos bastidores. Escrevem-se, entre linhas, remorsos e dores e azedumes. Não há confronto porque nunca lutámos. Não há cheque-mate porque nunca jogámos. Ambos falhámos, ambos somos culpados e ambos sabemos que este fracasso não é mais do que uma despedida.
quarta-feira, fevereiro 17, 2010
Porque o Carnaval são quatro dias...
Aproveitei para fazer muitas muitas coisas, tantas que cheguei hoje ao trabalho muito cansada! Adorei (re) visitar o Museu da Cidade com a original exposição do Jardim de Rafaelo Bordalo Pinheiro... cogumelos, gatos, sapos, peixes, flores, raposas, lagartixas, andorinhas em loiça num jardim surreal (concebido por Joana Vasconcelos a partir de ideia da Catarina Portas) . Depois percam-se a ver a" Debret" (esculturas de Vasco Araújo) e na "Lisboa tem histórias" povoadas de personagens maravilhosas.
terça-feira, fevereiro 09, 2010
Porno-autocarro
As maravilhas de um autocarro lisboeta pela manhã. Porque está frio, está calor, está a chover, tenho sono, tenho preguiça, estou de saltos, hoje não consigo, quero, posso ir a pé.
E assim lá vou no meu banco preferido virado para todos, de costas para o motorista, a fingir que estou a ler ou a ouvir qualquer coisa mais ou menos erudita, a ver as modas, cheirar a população activa, a contar as rugas e banhas e pelos nas carecas de quem passa.
O que mais gosto é ouvir, telefonemas, conversas, desabafos, suspiros. Posso fingir que estou melancólica olhando pela janela a chuva cair e morrer de riso ou de espanto ou de indignação ou de tédio. Depois há as expressões correntes a senhora que pede “sr. motorista dê um jeitinho aqui atrás” ou a criança, que não para um segundo quieta no corredor, a quem a mãe insiste em dar um pequeno almoço volante e tardio” Diogo anda-me comer, já disse, anda-me já aqui comer”. Do porno-autocarro olho para todos os solitários pesarosos nos seus veículos neste cortejo matinal, por companhia locutores de rádio matinais insuportáveis, falando já com os chefes autoritários, ouvindo as lamúrias das esposas que insistem em mudar de condomínio, suando pelos atrasos no parquímetro, estrebuchando com a conta da oficina. Olho para eles e, aqui deste banco aveludado de padrão com gosto duvidoso, entre um toque de campainha e uma travagem brusca, caramba, sinto-me cheia de sorte.
E assim lá vou no meu banco preferido virado para todos, de costas para o motorista, a fingir que estou a ler ou a ouvir qualquer coisa mais ou menos erudita, a ver as modas, cheirar a população activa, a contar as rugas e banhas e pelos nas carecas de quem passa.
O que mais gosto é ouvir, telefonemas, conversas, desabafos, suspiros. Posso fingir que estou melancólica olhando pela janela a chuva cair e morrer de riso ou de espanto ou de indignação ou de tédio. Depois há as expressões correntes a senhora que pede “sr. motorista dê um jeitinho aqui atrás” ou a criança, que não para um segundo quieta no corredor, a quem a mãe insiste em dar um pequeno almoço volante e tardio” Diogo anda-me comer, já disse, anda-me já aqui comer”. Do porno-autocarro olho para todos os solitários pesarosos nos seus veículos neste cortejo matinal, por companhia locutores de rádio matinais insuportáveis, falando já com os chefes autoritários, ouvindo as lamúrias das esposas que insistem em mudar de condomínio, suando pelos atrasos no parquímetro, estrebuchando com a conta da oficina. Olho para eles e, aqui deste banco aveludado de padrão com gosto duvidoso, entre um toque de campainha e uma travagem brusca, caramba, sinto-me cheia de sorte.
Alice no País das Maravilhas de Tim Burton - Trailer Oficial
O meu conto preferido pelo meu realizador preferido. Stressem com o coelho e deixem-se hipnotizar pelo olhar do gato. Não percam!
sexta-feira, fevereiro 05, 2010
National Geographic
Preocupa-me também que as seguintes expressões estejam em vias de extinção:
Fico muito feliz por ti
Respeito-te
Agradeço a gentileza
Não concordo mas admiro
Para te dizer com honestidade
Quando as usamos, preocupa-me mais as expressões faciais dos outros (algures entre o espanto e o desdém). Relembro que, regra básica e universal, a inibição leva à extinção.
Fico muito feliz por ti
Respeito-te
Agradeço a gentileza
Não concordo mas admiro
Para te dizer com honestidade
Quando as usamos, preocupa-me mais as expressões faciais dos outros (algures entre o espanto e o desdém). Relembro que, regra básica e universal, a inibição leva à extinção.
quinta-feira, fevereiro 04, 2010
terça-feira, fevereiro 02, 2010
Poder de síntese
A propósito dos exageros das redes sociais lia no blog do Nuno Costa Santos um apelo que me deliciou (em todos os sentidos):
Esquece a net de vez em quando e liga-te aos piqueniques.
Eu e o meu famoso poder de síntese diriam antes:
Esquece a net de vez em quando e liga-te.
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